Janaina Dallan, Carbonext

8 de março de 2022
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TL;DR

As pessoas que entrevistamos são de diversas origens e suas áreas de especialização e responsabilidade são igualmente diversas. Aprendemos muito com eles nessas conversas e estamos animados para acompanhar seu progresso.


P: Olá! Conte-nos um pouco sobre o que você faz na Carbonext.

R: Sou o CEO da Carbonext, que fundei em 2010. A missão da organização é conscientizar as pessoas sobre a importância das florestas tropicais para ajudar a regular o clima do mundo por meio da remoção de CO2 e da preservação da biodiversidade. A Carbonext se concentra em oferecer projetos com ótimos resultados ambientais e sociais.

Minha função na Carbonext é liderar a visão e a estratégia de nossos projetos, incluindo a ampliação de projetos para que possamos alcançar um impacto maior, comunicar-me com nossas partes interessadas, como governo, mídia, proprietários de terras e liderar o desenvolvimento das estratégias de longo e curto prazo da organização. O desenvolvimento de pessoas também faz parte da minha função e esse cargo me permite treinar jovens profissionais interessados em fazer a diferença em suas carreiras.  


P: Por que você escolheu trabalhar nessa posição e nesse espaço e qual é a sua formação?

R: Sou engenheiro florestal com um MBA voltado para o meio ambiente e venho estudando questões sobre mudanças climáticas desde 2002. 

Tudo começou quando eu estava na universidade e comecei um estágio no Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). Durante esse estágio, trabalhei em dois estudos para o 

Ministério do Meio Ambiente do Brasil. Um deles concentrou-se no potencial de energia renovável de aterros sanitários e em como acelerar projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) na Amazônia.

Desde então, tenho trabalhado diariamente com questões relacionadas a mudanças climáticas e mercados de carbono. Trabalhei para várias empresas desenvolvendo e gerenciando projetos de MDL, bem como projetos de redução de emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD+) para mercados voluntários de carbono e estive envolvido em muitos tipos de projetos, incluindo pequenas usinas hidrelétricas, parques eólicos, silvicultura e fogões, entre outros.

Trabalhei para empresas europeias no departamento de desenvolvimento de créditos de carbono. Fui responsável por apoiar a aquisição de novos clientes e projetos, avaliar oportunidades de projetos de MDL, realizar estudos de viabilidade e analisar oportunidades de negócios. Embora tenha gerenciado projetos brasileiros, também fui revisor de projetos em outros países.

Mas, em 2010, decidi fundar a Carbonext para me concentrar em projetos de soluções baseadas na natureza (NBS) e, assim, conscientizar sobre a importância da natureza no combate às mudanças climáticas. Desde 2013, sou membro da Equipe de Registro e Emissão (RIT) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Também fui eleito presidente da Aliança Brasileira para Soluções Baseadas na Natureza e sou membro do painel de especialistas que assessoram a Iniciativa de Integridade dos Mercados Voluntários de Carbono (VCMI).


P: Quais são alguns dos desafios e oportunidades que você enfrenta em sua função de sustentabilidade?

R: O maior desafio que enfrentamos é integrar as florestas à sociedade moderna. As florestas não serão preservadas se não interagirmos com elas de uma maneira melhor. Não podemos isolar as florestas da sociedade moderna. Isso nunca funcionou antes em nenhum país e não funcionará para a Amazônia. A humanidade precisa entender a importância das florestas e respeitá-las adequadamente. Precisamos desenvolver soluções e levar treinamento e desenvolvimento às comunidades, fornecendo-lhes os recursos de que necessitam. 

Outro desafio é mudar a realidade das comunidades na Amazônia, capacitá-las e levá-las a um nível de confiança que não têm hoje. 

Há também muitas oportunidades criadas por empresas que têm um foco maior em questões de sustentabilidade ou de governança social e ambiental (ESG). Há mais investimentos em ESG e o financiamento verde está se desenvolvendo. Muitos novos empregos verdes também estão sendo criados, alguns no setor florestal.


P: Quais habilidades você acha que são particularmente vitais para você em sua função de sustentabilidade?

R: Como lidamos com uma ampla gama de partes interessadas, desde proprietários de terras na Amazônia rústica até grandes corporações que compram os créditos de carbono, é importante ter habilidades como comunicação clara, escuta ativa, gerenciamento de conflitos, formação de equipes, colaboração, desenvolvimento de pessoas, criatividade, mente aberta e transparência. Também é importante ter uma boa compreensão da ética e aplicá-la.


P: Com que outras equipes você trabalha em estreita colaboração ou depende para ter sucesso na Carbonext?

R: Trabalho em estreita colaboração com minhas equipes técnicas e de aquisição de novos projetos. É muito importante para mim estar próximo a essas equipes, pois precisamos de projetos que forneçam créditos de carbono de alta qualidade. Para garantir que um projeto seja bem-sucedido, essas equipes precisam prestar muita atenção à adicionalidade de um projeto no que se refere à sua metodologia, bem como à contribuição, às necessidades e ao envolvimento das comunidades locais envolvidas no projeto. 

Também interajo com a equipe jurídica para acompanhar de perto todos os processos de due diligence e seus constantes aprimoramentos, com a equipe de tecnologia para que eu possa me manter atualizado sobre novas tendências e oportunidades para expandir os negócios e com a equipe financeira, pois é extremamente importante estar financeiramente saudável e mostrar excelência na contabilidade.


P: Quais são algumas das tendências que você está observando no espaço da sustentabilidade?

R: A sustentabilidade está mudando a forma como os consumidores compram e as pessoas trabalham. Estamos mudando a forma como interagimos com a natureza. Isso está remodelando os negócios e criando oportunidades para novos tipos de negócios, desde empresas de consultoria em sustentabilidade até empresas tecnológicas em escala projetadas para combater as mudanças climáticas e, de fato, muitos novos negócios estão sendo fundados para atender às metas de ESG. Como mencionei anteriormente, isso também está criando novos empregos, alguns no setor florestal, como funções que lidam com desenvolvimento florestal, envolvimento da comunidade e biodiversidade.


P: Quem são seus modelos?

R: Um de meus modelos é Thomas Lovejoy. Ele é um biólogo que passou décadas na Amazônia brasileira. Ele dedicou sua vida a colocar a Amazônia no mapa internacional de conservação e também foi responsável pela popularização do termo "biodiversidade". Além disso, ele chamou a atenção para a importância da preservação da Amazônia na luta contra as mudanças climáticas.

Ele escreveu: "As florestas continuam a desaparecer - cortadas e queimadas em áreas cada vez menores. Esse fracasso desafia todos os nossos esforços climáticos porque, a menos que as florestas permaneçam de pé, o mundo nunca conterá o aquecimento global."


P: Que conselho você daria para a próxima geração de mulheres+ que estão iniciando suas carreiras nesse espaço?

R: Você não precisa permitir que sua sensibilidade como mulher concorra com a sensibilidade dos homens. Use sua própria sensibilidade a seu favor. Confie em seus instintos e use isso para desenvolver sua carreira. 

Como diz o livro "Mulheres que correm com os lobos", de Clarissa Pinkola Estés: "Dentro de cada mulher há uma criatura selvagem e natural, uma força poderosa, cheia de bons instintos, criatividade apaixonada e conhecimento sem idade". Deixe que essa criatura faça parte de você.


P: O que as organizações podem fazer para contratar, reter, promover e capacitar mais mulheres+ no espaço da sustentabilidade?

R: Em primeiro lugar, as mulheres devem ter voz dentro de uma organização e devem ser ouvidas. As organizações devem contratar mulheres para cargos de gerência e dar reconhecimento às suas ideias, certificando-se de que toda a organização reconheça que as ideias foram dela. 

Na Carbonext, temos 50% de mulheres na equipe e incentivamos mais mulheres a assumirem cargos de liderança. Também temos políticas em vigor para capacitar as mulheres. Temos uma política de "salário igual para experiência de trabalho igual" que ajuda a lidar com a discriminação racial e de gênero. Além disso, temos uma política que estabelece que não deve haver uma diferença de mais de 14% entre o membro da equipe mais mal pago e o mais bem pago, inclusive nossos líderes de alto escalão. Isso garante uma diferença menor de salários em toda a empresa.


P: O que você acha do papel das mulheres+ no setor de sustentabilidade e na prevenção da crise climática?

R: Busque a felicidade. Se fizer isso, sua jornada será muito divertida e repleta de ótimas lembranças e conquistas. 

Também ajuda estar ciente da grandeza que está desenvolvendo. Você vai construir um mundo melhor. Não é fácil, mas valerá a pena.

E, novamente, como sempre, aprenda a ouvir sua voz interior, seus instintos femininos. Não a reprima, use-a.

Sobre o autor

Este artigo apresenta o conhecimento e as contribuições de muitos especialistas em suas respectivas áreas que trabalham em nossa organização.

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